Experimento amadurece óvulos em laboratório
Projeto de pesquisa sobre maturação in vitro de folículos, realizado nos Estados Unidos, financiado em parte pelo The Oncofertility Consortium, e desenvolvido pela Dra. Jhenifer Rodrigues, Diretora da Rede Brasileira de Oncofertilidade/Brazilian Oncofertility Consortium, como seu Doutorado pela FMRP/USP é destaque em vários meios de comunicação da USP - Universidade de São Paulo.
Agência USP de Notícias em 21 de Janeiro de 2016. http://www.usp.br/agen/?p=226459
Portal USP de Notícias, em 20 de Janeiro de 2016.
Portal FMRP/USP de Notícias, em 15 de Janeiro de 2016.
Avanço em tecnologia de reprodução assistida pode tornar mais próxima a realidade de pacientes com câncer engravidarem após a cura da doença. A resposta positiva veio de pesquisas da cientista brasileira Jhenifer Kliemchen Rodrigues realizadas nos laboratórios do Oregon National Primate Research Center, dos Estados Unidos, com cultivo in vitro (fora do organismo) de folículos ovarianos ainda em estágio inicial de desenvolvimento. Os resultados são descritos em pesquisa da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP.
A pesquisadora explica que os folículos são estruturas presentes dentro dos ovários, cada um deles se desenvolve passando por vários estágios de amadurecimento. Jhenifer coletou folículos em estágio secundário, considerado uma fase inicial do amadurecimento, de macacas e analisou o desenvolvimento deles em diferentes amostras de cultivo in vitro.
Foi utilizado material ovariano fresco. Após coletado, os folículos secundários foram cultivados no laboratório, dentro de uma incubadora a 37ºC, por cerca de 40 dias ou cinco semanas. “Esse é o tempo que folículo de primatas leva para se desenvolver do estágio secundário ao antral in vitro“, diz a pesquisadora. Antral é a fase em que o folículo apresenta cavidade antral, cheia de fluido folicular, importante para o amadurecimento do óvulo.
Hormônios masculinos
Ela verificou que, em presença dos hormônios masculinos, os folículos “recuperaram a sobrevida, crescimento, formação do antro (característica de maturação) e produção hormonal”.
O interessante, observa a especialista, é que “por muito tempo, os androgênios foram considerados como prejudiciais à maturação folicular. E hoje, estudos com diferentes espécies de mamíferos e humanos têm contribuído para que, nos últimos anos, esse paradigma tenha sofrido mudanças consideráveis”.
O trabalho de Jhenifer comprovou as ações benéficas dos androgênios (hormônios considerados masculinos) no amadurecimento dos folículos e promoção de crescimento, além de seu papel importante no desenvolvimento folicular inicial.
Jhenifer acredita que o bom desenvolvimento dos folículos em laboratório venha a se tornar uma alternativa em potencial para crianças e mulheres que precisam se submeter a tratamento contra o câncer.
Como a técnica mais usada atualmente na preservação da fertilidade feminina utiliza óvulos maduros – obtidos após estimulação ovariana artificial, ficam limitadas as promessas de maternidade para as meninas que ainda não entraram na puberdade e, portanto, não podem passar por esse processo.
Mais um empecilho para essas pacientes está no uso de outra técnica que, recentemente, vem sendo usada para preservação da fertilidade, a criopreservação (congelamento) de tecido ovariano e posterior reimplante. Segundo a pesquisadora, “essa técnica oferece risco teórico de retorno da doença por ocorrência de células cancerosas no tecido (metástases)”.
Mas os experimentos de Jhenifer estão trazendo luz a esse problema, com o cultivo de folículos ovarianos em estágio secundário de desenvolvimento que encontram-se ainda em fase inicial.
Para as meninas que ainda não atingiram a puberdade e não podem ser submetidas à estimulação ovariana e para as mulheres, que correm riscos de retorno da doença com o reimplante do tecido congelado, o método proposto pela pesquisadora seria alternativa ideal já que todo o procedimento seria realizado em laboratório. Jhenifer acredita que, com a otimização da técnica de maturação folicular em laboratório, essas pacientes sejam beneficiadas.
“Os resultados oferecem indícios importantes para o avanço das tecnologias de reprodução humana. E não somente pela alternativa de preservação da fertilidade em pacientes com câncer. Esse é apenas um lado das respostas importantes desse estudo”, garante a pesquisadora.
Para o incremento da técnica de maturação folicular in vitro, com o amadurecimento de óvulos a partir do cultivo de folículos, Jhenifer afirma que “pode-se propor novos estudos com a adição de hormônios masculinos (testosterona e dehidrotestosterona) ao meio de cultura, uma vez que o estudo mostrou um papel importante destes hormônios para o desenvolvimento dos folículos em laboratório”.
Congelamento e autotransplante
A técnica de criopreservação e reimplante de tecido ovariano já